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(Ela) tem Caprichos Matinais LXXXIX

De algum modo que não conseguiam ainda explicar, e o mais certo era não precisarem, sentiam-se tranquilos e eram unânimes em concordar que haviam nascido para entregas magníficas. Eram entregas desprendidas, apenas permeadas pela procura do prazer absoluto. Deixaram-se de pudores e decidiram entregar os seus corpos em prol de um bem maior. Não havia elos quebrados, alianças desfeitas. Ao invés, desenhavam triângulos puros, círculos viciosos de luxúria plena, emaranhados de corpos emanando volúpia. Nenhum se achava perdido. Na verdade, sempre que decidiam mexer na composição, sempre se achavam preenchidos. O objectivo era, sabiam-no, ir de encontro às vontades de todos, proporcionando-se tudo. Por entre gestos lânguidos e poderosos, línguas e bocas, beijos e mãos, saliva e suor, tocavam-se com a ânsia de dar tudo para receber tudo. Elas sentiam-se no prazer que estavam habituadas a receber, dando-o agora em igual medida. Ele dividia-se numa multiplicação soberana, sentindo o orgasmo de uma para logo saciar a outra. Elas bebiam-se, lambiam os resquícios de prazer que a excitação lhes fazia jorrar do centro do seu ser, apertavam os seios cujos mamilos se encontravam irremediavelmente erectos. Assemelhavam-se em tudo ao que viam nele. Erecto, rijo, grande e insaciável. Eram três corpos, singelos e aparentemente soltos mas na verdade eram unos, presos a uma corrente de desejo e partilha.

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