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Heart Beat

O coração é posto voluntariamente em repouso. Pesa-se na balança. Está magro. Tem vivido apertado, inerte mas descansado. Em repouso, o esforço é menor, os batimentos são apenas os imprescindíveis para bombear o sangue necessário a manter o corpo a deslizar pela vida. Flutua-se sem grandes altercações, existe-se, em banho-maria, confortável. Assiste-se de camarote ao passar dos dias sentindo uma pontadinha de inveja e de ciúme da paixão investida pelos corações que se arriscam a viver. Mas, o receio de morrer é tanto que a gaveta parece o melhor local para guardar o músculo que nos guia a alma e escondemos a chave na galeria labiríntica dos sonhos.
Cuidamos que estamos seguros. Antes assim que subjugados, padecendo de uma ferida aberta que sangra displicentemente zombando da mente que não soube melhor. Até que um dia, acorda-se de sobressalto. Ouve-se o chocalhar das chaves. Uma volta, duas voltas. Os batimentos cardíacos perdem a cadência estudada e compassada, o sangue parece ferver, queimar. Escorre pelas veias, acelerado, procurando um destino que desconhece. Um sorriso, uma voz, um beijo, um toque e basta. Recorda-se de como era viver, recorda-se de como as pequenas coisas eram as mais importantes, recorda-se do delicioso sabor da paixão, do desejo, do sentimento ácido mas doce que envolve dois corpos num eterno querer. Reaprende-se a bombear com força, a dar ao corpo o sustento merecido, a aproveitar cada segundo para viver. E entrega-se a alma junto com o corpo que a alberga, e gosta-se, afinal sempre se gostou. E entrega-se o corpo com a alma em chamas, com o desejo à flor da pele, assolapado, tolo, louco, viciado. O repouso transforma-se em desassossego, em palpitares deliciosos, em beijos ardentes e apaixonados, em toques de pecado, em penetrações profundas, em palavras rudes mas consentidas, em submissões perversas, em nervosismos desencontrados, em orgasmos de vida.

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